Fortaleza atrai pela mescla de história e modernidade em sintonia com a natureza

Fortaleza, a cidade que abriga quase três milhões de habitantes e que ostenta o título de capital do Ceará – um estado de muitas praias exuberantes, dunas, lagoas e regiões de montanha – recebeu esse nome em menção aos holandeses que na metade do século XVII tentaram, ainda uma vez, se apossar de uma região no nordeste brasileiro, fundando ali o Forte Schoonenborch, ainda hoje no mesmo lugar, mas desde 1654 chamado de Forte de Nossa Senhora da Assunção, ato seguido da construção de uma pequena capela, ou Ermida, que ainda resiste, restaurada. Para quem visita Fortaleza, nos dias atuais, a luta é traçar um plano que permita conhecer um pouco deste lugar tão ensolarado, com povo tão gentil, sempre pronto para uma informação. Com 291 anos, fundada oficialmente em 13 de abril de 1726, Fortaleza se reinventa e renova, criando sempre mais atrações.

Vista do Centro Cultural Dragão do Mar

O ideal é ter em mente que além do sol, durante todo o ano, com praias maravilhosas, bastante calor e muita brisa, a grande metrópole tem mais: fortes, museus e antigas igrejas recontam a história de como o estado do Ceará se formou, como viviam as suas gentes. Algumas dessas, já mais recentemente, o escritor José de Alencar, o criador de Iracema, cujo antigo sítio onde nasceu e morou, é local de visitação. Mas tem, ainda, o marinheiro Dragão do Mar, nascido Francisco José do Nascimento, em Aracati ou Canoa Quebrada, 140 quilômetros de Fortaleza, um jangadeiro negro que em janeiro de 1881 liderou uma flotilha de jangadas, impedindo, nos dias 27, 30 e 31, que os navios negreiros desembarcassem escravos na praia de Iracema. Na peleia, ele que conhecia o ofício de singrar mares em qualquer tipo de embarcação, foi ao Rio de Janeiro levar seu grito de revolta. Anos mais tarde, já em 1910, o Dragão do Mar incorporaria – também no porto do Rio de Janeiro – no gaúcho de Encruzilhada do Sul, um marinheiro chamado João Cândido que passou para a história como o líder da Revolta da Chibata. Bem, mas isso é passado.

Vista noturna de bares no Dragão do Mar

Nos dias atuais Dragão do Mar é um Centro Cultural em Fortaleza, abrigando galerias de arte, bares, espaço convivência salas para apresentações teatrais e musicais, além de um planetário. A cidade conta com infraestrutura de hotéis, restaurantes, centros de eventos e convenções e boa rede de transportes. O aeroporto recebe voos internacionais, com muitas empresas optando por levar os passageiros europeus por uma travessia oceânica mais curta: apenas cinco horas.

Vista Avenida Beira Mar

Para conhecer e sentir melhor o clima de Fortaleza é bom um roteiro a pé. Claro que existem empresas especializadas em receptivo, mas uma caminhada permite um contato mais direto com a cidade e seus costumes. Saindo desde a estátua de Iracema- a Guardiã, no começo da praia do mesmo nome e também do centro histórico, o turista pode seguir pela Avenida Beira Mar, parando para descanso, uma água de coco ou cervejinha, lanche ou almoço. Pode fazer uma primeira parada na Praça dos Estressados, onde não se vê ninguém com sinal de estresse. O ideal é seguir de Iracema, Meireles, Volta da Jurema até perto de Macuripe.  Nessa orla e ruas próximas, paralelas e transversais, estão a quase totalidade  dos 59 hotéis, além de pousadas e flats. Quem estiver na praia do Futuro (quatro dos 59 hotéis) poderá definir como fazer a rota na Beira Mar.

A capital cearense não parou no tempo, isso pode ser constatato para quem, como eu, visitei aquela capital quatro vezes em 12 anos. Além da revitalização da área central, desde a valorização de antigos casarios espalhados pelo centro, que remontam tempos de glorias com a transformação daquela região em “Eldorado brasileiro”, devido a produção e exportação do algodão que atendeu a demanda da revolução industrial europeia e mesmo a I Guerra Mundial, a Orla passou por reformas.  Para lembrar essa época e outras mais recentes, na cidade histórica, prédios como o Estoril, sede da Secretaria de Cultura, ou a ponte dos Ingleses (essa ainda em obras), a Praça dos Leões, a Praça dos Ferreira  e dos Mártires (Passeio Público) sempre ganham novos arranjos sem descaracterização.  Os vitrais da Catedral e tantos outros prédios – revitalizados, falam dos tempos de “ouro”.

A sensibilidade das autoridades que cuidam da cultura e turismo fez com que pouco tempo depois da sua morte, portanto em maio deste ano de 2017, Belchior ganhasse em Centro Cultural com seu nome. O prédio no calçadão da Iracema chama a atenção pela foto que mostra um Belchior como se vivo estivesse, atraindo o público para ver o seu interior, onde a vida do artista e músico se descortina.

Feira do Peixe lotada

Pôr do Sol com sanfoneiro

A caminhada pela orla tem de tudo. O Mercado de Peixe, antes espécie de casebres a beira-mar, todos de palha, está totalmente revitalizado com estrutura de primeira. Ambiente coberto, bancas com excelentes condições de higiene, onde se pode comprar o peixe ou fruto do mar desejado e já pedir para ser limpo e preparado em algumas das 45 bancas instaladas. Uma espécie de praça de alimentação garante o conforto. Aos domingos, após as 16h, o espetáculo do Pôr do Sol com música e muita animação. Junto a estátua de Iracema sempre no último domingo de cada mês tem muita arte. Pelo fone 85.31051535 é possível conferir a programação.

Monsenhor Tabosa durante o dia.

Vista da Avenida Monsenhor Tabosa ,à noite, direto do terraço do Hotel Praia Centro/Gilberto Sander Müller

Outra caminhada de reconhecimento que pode e deve ser feita a pé é atravessar a Monsenhor Tabosa até o Mercado Central e outras atrações indispensáveis. Fiz esse roteiro em três ocasiões e anos diferentes. Para não perder nada, a dica é subir desde a Avenida Beira-Mar, na altura da estátua de Iracema, pela rua João Cordeiro até a Monsenhor Tabosa, onde fica o Hotel Praia Centro, em frente ao Centro de Artesanato do SEBRAE (visita imperdível!). Dali seguir pela Avenida Monsenhor Tabosa, famoso centro de compras com cerca de 300 lojas, até o Mercado Central, ponto obrigatório de visita para conhecer o artesanato de todas as regiões do Ceará.  Nesta caminhada de conhecimento e compras, é possível conhecer o Centro Cultural Dragão do Mar (onde as noites são especiais, com muita programação)  e muitos outros pontos turísticos. Esta avenida é uma espécie de shopping horizontal, com lojas de grifes nordestinas e internacionais (ali se faz um biquíni sob medida em dez minutos, na All day), existem lojas especializadas em comercializar artigos de rendas selecionadas, calçados e bolsas e muita moda casual ou chique.

Muita História na Catedral

Neste mesmo rumo pode-se ir a Catedral, ou a Sé, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, que divide o altar principal com o padroeiro do Ceará, São José. A história desta magnífica catedral com capacidade para cinco mil pessoas em seu interior, cujos vitrais refletem a luz do sol com esplendor, é também de grande beleza. Por ali passaram figuras das mais significativas da fé católica, como o defensor dos direitos humanos D. Helder Câmara – cujo corpo está sepultado na Catedral da Sé, em Olinda/PE, mas que nasceu em Fortaleza onde labutou por muitos anos, com seu estilo voltado aos mais carentes e injustiçados. Em 1978 o Cardeal gaúcho D. Aloísio Lorscheider inaugurou a nova catedral construída onde antes ficava a antiga Sé. As obras desse templo haviam iniciado em 1938. Outro gaúcho que se destacou nesta catedral foi o Cardeal dom Cláudio Hummes, que disputou a vaga de Papa com o argentino, atual Papa Francisco.

Atrações por terra e mar

Agências de viagens que fazem receptivo em Fortaleza tem citytours por pontos turísticos onde é necessário mais esforço, entre esses a Praça dos Leões, o jardim dos Mártires (passeio público). No século XVIII revoltosos contra a Coroa Portuguesa, ou escravos fugidos dos seus algozes, foram mortos por enforcamento ou fuzilados. Na Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, está o Museu General Sampaio, o cearense que lutou em muitas guerras e inclusive no Rio Grande do Sul, e que foi denominado o Patrono da Infantaria.

A empresa Ernani Tour é especializada, com guias atentos. A Associação dos Veleiros de Fortaleza, com os barcos Minha Deusa, Philosophy, Pérola Negra e Viva a Orla de Fortaleza, tem passeios para se conhecer a cidade singrando o mar no entorno.

Nas Casas dos Turistas, localizadas em pontos estratégicos da cidade de Fortaleza, as pessoas podem buscar informações sobre transporte, praias, hotéis e restaurantes. Nos locais, há serviços de internet, vídeos e atendimento bilíngue das 9h às 20h. A Casa do Turista da Beira-Mar funciona todos os dias da semana, enquanto a do Mercado Central e da Praça do Ferreira e da Praia do Futuro, de segunda a sábado.

As fotos não creditadas foram cedidas pela Prefeitura de Fortaleza.

Informações: www.fortaleza.ce.gov.br/turismo

 

 

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