Salvador vive o Dia de fazer uma baiana de acarajé feliz

Desde dia 31 de outubro Salvador está vivendo a campanha “Dia de fazer uma baiana de acarajé feliz”. O lançamento desse projeto pela Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares (ABAM) ocorreu no Memorial das Baianas de Acarajé, na Praça da Cruz Caída, e tem o propósito de fortalecer a entidade e dar apoio à categoria das Baianas de Acarajé, símbolos do Brasil.
Pra você que já foi a Bahia sabe que em cada ponto turístico (toda a cidade de Salvador, em especial a parte histórica e praias) tem uma banca de baiana de acarajé. É um ponto de fazer aquela foto como lembrança e, muitas vezes, esquecer que a palavra “quente” significa muito apimentado. Não tem como ignorar essas mulheres – que se vestem com trajes vistosos, alguns imaculadamente brancos, outros coloridos, mas todos com sorriso aberto, animadas, preparando a massa ou fritando e apimentando seu acarajé. Mas essas baiana, a exemplo de muitos profissionais que trabalham para o turismo ou em outras atividades, também precisam de apoio. A pandemia, que reduziu o turista dos muitos atrativos em todo o Brasil, somado as condições já precárias da maioria dessas profissionais, deixou marcas. Presentes em ambientes por onde circulam turistas, em festejos e em suas tendas, elas enfrentam cotidianamente problemas de saúde e qualidade de vida, falta de condições de trabalho e de apoio institucional. Por isso a ABAM lançou a campanha pra valorizar esse símbolo do turismo baiano.
Apoiada pela Prefeitura de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo e da Secretaria Municipal da Reparação, no âmbito do Prodetur Salvador, a campanha realizará várias ações. A primeira delas é a venda, de 31 de outubro a 25 de novembro, de um voucher de R$ 10,00, que dará direito a um acarajé completo que poderá ser trocado em 24 tabuleiros de baianas espalhados por Salvador, nos dias 25 e 26 de novembro. Este voucher poderá ser adquirido em tabuleiros, bares e restaurantes e diversos tipos de outros empreendimentos e terá sua renda revertida para a ABAM. O apoio da prefeitura reflete a importância da atuação das baianas do Acarajé em seu diversificado e qualificado produto turístico.




Dia 25 de novembro é o Dia Nacional da Baiana de Acarajé e até lá, durante o mês de novembro, outras ações celebrarão este ofício que existe há mais de 400 anos, e que hoje é fonte de renda no Brasil para mais de 10 mil profissionais – a grande maioria delas mulheres afrodescendentes. Na Bahia são cerca de oito mil. A partir do dia 17 de novembro fotos em tamanho grande de 40 baianas de acarajé que atuam em Salvador, realizadas pelo fotógrafo Mário Edson, serão expostas em lugares públicos, como praças, no Rio Vermelho e no Pelourinho. Por sinal, ali no Pelourinho sempre teve uma querida pronta para apimentar o acarajé e tirar uma foto. Mas é tradição incluir a tenda de acarajé nos festejos de aniversários e outros encontros. Neste ano de 2023, a festa de aniversário do jornalista baiano Carlos Casaes, nosso amigo, contou com o acarajé da Rita, tenda que foi um dos espaços mais buscados..



Na programação do Dia da Baiana do Acarajé, no dia 25 de novembro, também haverá missa festiva e entrega de kits. Começa às 10h da manhã, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que abre suas portas e celebra uma missa especial em homenagem às homenageadas. Após a cerimônia, com previsão de ser conduzida por Padre Lázaro Muniz, e que contará com a presença do prefeito Bruno Reis, as baianas sairão em cortejo rumo à Praça da Cruz Caída, acompanhadas pelo grupo percussivo Tambores e Cores, do Mestre Pacote.

Ali prosseguem os festejos, seguido de almoço na sede da Associação e shows. Nessa oportunidade, a Prefeitura de Salvador entregará 50 dos 580 kits que serão doados às baianas, compostos de um tabuleiro de jacarandá, um ombrelone (sombreiro), uma vestimenta (Richelieu 100% algodão), duas caixas térmicas, uma placa de sinalização, cinco colheres de polietileno, uma lixeira e um protetor de fogareiro. Até o dia 01 de dezembro os outros 530 kits serão entregues.

“Não se pode falar em Salvador e da Bahia sem se lembrar da baiana e do seu acarajé. Não tem como desvincular as imagens, então nada mais justo do que a Prefeitura homenagear e valorizar este ofício tão importante culturalmente e que também sustenta tantas famílias”, declara o diretor de Turismo de Salvador, Gegê Magalhães. Ele afirma que a Prefeitura deseja fazer um grande evento e dar mais estrutura para essas trabalhadoras desenvolverem seu ofício da maneira melhor possível, dando um melhor atendimento para os clientes, não só os visitantes, mas também os soteropolitanos.
Rita Santos, presidente da ABAM, associação que trabalha há 32 anos pela categoria, afirma que a campanha Dia da Baiana Feliz acontece pela primeira vez e será de muita ajuda para a associação e filiadas. “Nossa festa já faz parte do calendário brasileiro. Nossa campanha ajudará a ABAM a trabalhar pelas baianas de acarajé. Segundo Rita, para a festa virão baianas de toda a Bahia e de outros estados. “Neste dia iremos conversar sobre este ofício maravilhoso e renovar nossas forças para as batalhas do dia a dia. Queremos pedir à sociedade que colabore com estas mulheres que dão este cheiro de dendê à nossa cidade e levam adiante este legado ancestral com muita garra”, diz emocionada.

Vinculada, de início, à obrigação religiosa para com os santos do candomblé, a venda do acarajé nas ruas de Salvador, passou a ser normatizada pelo Decreto Lei Municipal 12.175/ 98. As baianas, que no decorrer do século XIX saiam a oferecer seus quitutes de porta em porta, com os tabuleiros na cabeça, têm, hoje, que assentá-los em local fixo e cumprir determinações que passam pela higiene do local e preparo dos alimentos, dimensões do tabuleiro e uso da vestimenta típica, imprescindível para conseguir a licença expedida pela prefeitura. A atividade das baianas de acarajé foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2005 no Livro dos Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Bom, com tudo isso fica a pergunta: Você já foi a Bahia, heim? Ainda não, então vá e veja o que a baiana do acarajé tem pra oferecer!!
(matéria produzida a partir de material de Dóris Monteiro, assessoria de imprensa da Associação Centro Histórico Empreendedor (ACHE).