Um passeio por Florianópolis é como viajar na história e vivenciar belezas

Uma visita à Ilha de Santa Catarina, a linda Florianópolis, é sempre tempo para se surpreender com as muitas atrações, seja por suas praias e mar convidativos, seu rico patrimônio histórico e cultural e, sobretudo, pelas muitas opções e qualidade da gastronomia, com restaurantes e bares que atendem os mais variados gostos. Sem falar a respeito da forma tão amável e receptiva como o povo recebe os visitantes. Mesmo no inverno, como foi o caso da nossa última ida à Ilha da Magia, as muitas praias impressionam pela beleza, enquanto o patrimônio cultural contribui para ativar os sentidos: começa pelo centro da capital, o largo do Mercado Público, cujo prédio tombado já com mais de 126 anos e muitas histórias. Dentro desse complexo, além de compras de produtos para a alimentação, com ala especial para escolher peixes e outros frutos do mar, funcionam diversos restaurante, bares e lojinhas com produtos de toda natureza.

Qual das duas é a bruxa???

         Ainda na área central, está a Casa da Alfândega, essa inaugurada em 1876. Ali exposições temporárias se misturam com as muitas lindas e exclusivas peças do artesanato da ilha e também catarinense, na Galeria do Artesanato, onde a Associação dos Artesões da Ilha sempre tem mostras em exposição e à venda. Em julho deste ano de 2025, uma bruxa recebia os visitantes em uma das entradas. Falei com a dita cuja, mas isso é entre ela e eu!!

O clima de muita expectativa começa por aí. A Praça da Matriz, com sua velha e imensa figueira é um espaço democrático – como o Mercado Público – de onde se acessa a Catedral onde reina soberana Nossa Senhora do Desterro, antigo nome de Florianópolis.

         Como nossa visita à Florianópolis foi a trabalho, para cobertura do tradicional evento promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-SC), o Encatho & Exprotel, na sua 36ª edição, tivemos pouco tempo para passeios. Porém fomos rever a praia da Armação e Campeche, locais onde acampamos, alugamos casa e fomos felizes em outras ocasiões, em tempos idos.

Armação segue linda

Tentamos observar baleias, o Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca, em IItapirubá/Imbituba, indicava duas baleias na Praia de Pântano do Sul. Mas dessa vez não deu. Junto com outros que “pescavam ” avistagens, desistimos, pois elas nesse dia não deram show. Mas deu tempo para visitar uma das quatro fortalezas que deram proteção contra invasores à Florianópolis, antes mesmo dela se chamar assim. Visitamos a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, da qual falaremos em outro postagem em nosso blogue.

Hospedagem: conforto, cultura, história  e aromas

         Ficamos hospedados em Jurerê, uma das praias muito concorridas e bem conhecida de todos, na Nova Pousada dos Chás, um lugar tranquilo e perto de tudo, inclusive dentro do que se chama de Jurerê Internacional. Estávamos perto do mar, o que é muito importante, pois afinal ali é uma ilha, próximos a restaurantes, bares e muitas atrações. A própria Pousada é uma atração, numa área arborizada, florida onde a elegância, se mescla com a cultura. Afinal, a Pousada é de propriedade de descendentes da família Petry, que deixou o Rio Grande do Sul, para criar o loteamento que viria a ser, muitos anos depois, no final da década de 70, a Jurerê Internacional. Mas daí já por outro grupo – também gaúcho, a Habitasul.

         Maria Helena Petry Makowiecky é uma guerreira na luta pelo turismo catarinense, em especial de Florianópolis. Nascida gaúcha, mas cresceu, trabalhou, constituiu a própria família e a empresa, ali em Jurerê. É a herdeira dessa história que não terminou, pois seus filhos seguem a saga. Ela é uma personagem, cuja trajetória serviu de exemplo para homenagear os destaques em Hotelaria e turismo, prêmio criado e conferido pela ABIH-SC.

Neste ano de 2025, por exemplo, quem recebeu o Prêmio Maria Helena Petry Makowiecky foi a consultora, relações públicas, ex-secretária de Turismo de Urubici, na Serra Catarinense, Lara Perdigão, destacando seus relevantes serviços prestados para o desenvolvimento do turismo e da hotelaria em Santa Catarina. A homenagem foi entregue pela hoteleira.

Aqui nos álbuns, nos livros, a história se abre e ensina

                   Mas o tema, aqui, é a Nova Pousada dos Chás, onde além do repouso, excelente café da manhã e ainda o chá das 17h às 20h, ou o Chá das Cinco, com buffet diariamente, pudemos ler os muitos livros, álbuns sobre a mágica história de Jurerê. Descobrimos, por exemplo, que um dos proprietários da área, que foi vendida para o pai de Leninha, como é chamada Maria Helena, descende da tradicional família Ramos, de Lages, na Serra Catarinense, onde nasci, e a família Ramos sempre foi a principal liderança política, tanto que elegeu prefeitos, deputados estaduais, federais, governadores.

Estátua na praça que leva seu nome, em Lages

Um desses, Nereu Ramos, naqueles tempos conturbados que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas, teve que assumir a presidência e, apesar de toda a pressão política,  conseguiu dar sequência ao sistema democrático, dando garantias à eleição  a posse de Juscelino Kubitschek e de João Goulart, eleitos em 1955.

 Mas o que tem Maria Helena, conhecida pelos amigos como Leninha, a ver com toda essa história?  Ela é filha de Annito Petry  – que na década de 50 se mudou para a ilha com a esposa Zulmira Carmelina Salvi.  Ali, em 1957 Annito e os amigos Júlio Teixeira e Aderbal Ramos da Silva (esse nascido na Ilha, sobrinho de Nereu Ramos, família de Lages e que fora governador de SC em 1947) compraram mais de 6 milhões de metros quadrados de terra por 150 mil cruzeiros em Jurerê que era uma praia de pescadores. Vale ler o livro Pousada dos Chás, de fevereiro de 2021, para ler a história interessante. Num dos álbuns e na parede da sala de Chá está o recebo do pagamento que Annito Petry fez pela sua parte na área, um descampado!

         A família Petry – que também tem história de grandes realizações no Rio Grande do Sul – deixou uma marca de seu esmero, frente a área adquirida. Chamou nada menos que o grande Oscar Niemayer para demarcar a nova praia que surgiria. Se chamava de Praia do Forte, por conta da Fortaleza de São José da Ponta Grossa – ali perto. Mas virou Jurerê, nome que foi dado para a imobiliária da família Petry e sócios, na década de 1940/50. Bom, mas isso é outra história que só indo conferir nos muitos álbuns que Leninha deixa sobre a mesa da sala ao lado do salão do café da manhã e chá da tarde.

         Neste espaço é possível encontrar várias obras para leitura, ficar sentindo o aroma das plantas que cercam a Pousada, dos chás e temperos que estão plantados em vasos. Afinal, desse jardim saem algumas das ervas dos chás das cinco. Essas mesmas ervas, deram nome aos quartos. Nós ficamos no Hortelã!

A Pousada fica a 20 quilômetros da entrada na Ilha

         Um apartamento com todo o conforto necessário tanto para uns dias de férias ou para quem, como foi nosso caso, esteve na ilha a trabalho. A correria, para também rever um pouco da Ilha nem nos deixou tempo para curtirmos a Jacuzzi aquecida com hidromassagem. Ficou pra outra ida. A Nova Pousada dos Chás, fica na Rua Professor Renato Barbosa, 361. Busque por @novapousadadoschas ou reservas@pousadadoschas.com.br.

Jurema J Silva

Jornalista profissional, trabalhou nos principais jornais de Porto Alegre e Rio Grande do Sul. Prestou assessoria às entidades ABAV, Sindetur, Sindicato de Hotéis no RS e à Confederação das Organizações de Turismo da América Latina (Cotal). Atualmente atua com assessoria de imprensa na Câmara Municipal de Porto Alegre.

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