As várias fortalezas de Florianópolis são imperdíveis

A Fortaleza de São José da Ponta Grossa é uma das quatro fortalezas planejadas e construídas pelo brigadeiro José da Silva Paes – um militar, engenheiro, cartógrafo português – para defender a Ilha de Santa Catarina de outros povos, isso entre os anos de 1740/1765. Administrador experiente, ele fundou a primeira cidade no extremo Sul do Brasil, em 1737, a vila de Rio Grande. Em Florianópolis esse desbravador construiu, além da Fortaleza de São Jose da Ponta Grossa, as de Santa Cruz de Anhatomirim e Santo Antônio de Ratones, no Norte e a de Conceição de Araçatuba, ao Sul. Foi esse cidadão que incentivou o governo português a enviar açorianos para o Sul do Brasil e, da mesma forma, ele deu o nome de Desterro, para a ilha que depois seria batizada como Florianópolis. Isso em 1894, em homenagem ao primeiro presidente Marechal Floriano Peixoto, após a proclamação da República.

Conhecer todas as fortalezas da capital catarinense requer programação antecipada, pois a exceção de São José da Ponta Grossa, as outros precisam de embarcação – barco, lancha, escuna catamarã ou outros – pois ficam em ilhas menores. Mas a da Ponta Grossa é uma visita tranquila, via terrestre, com sinalização adequada de forma que não tem como se desviar da rota. Localizada no norte de Florianópolis, aproximadamente a 25 quilômetros do centro da cidade, na altura de Jurerê, tanto que essa praia já se chamou de Ponta Grossa. A chegada ao local de carro, é a parte mais complicada porque o estacionamento existente não tem infraestrutura, é um terreno baldio que foi ajeitado pelos moradores do local, os mesmos que cobram o valor de R$ 20,00 pelo espaço. Existe a possibilidade de deixar o veículo na rua antes do morro da Ponta Grossa, existem vagas para estacionar, porém a lomba é muito íngreme e somente os “firmes nas canelas” conseguem subir. Então é mais fácil ir de carro subindo essa rua que termina de forma abrupta, exigindo a atenção do motorista para a entrada no estacionamento improvisado. Dali é só subir uma estradinha entre plantas e flores e chegar à entrada da Fortaleza. Em outra ocasião (em 2015) não havia esse estacionamento e os carros eram deixados ao longo da via. Muitos reparos foram feitos, desde então.
Vista Deslumbrante

Logo na entrada a vista magnifica do alto do morro, surpreende. Os canhões, a imponência dos prédios antigos, a beleza dos costões e a areia da Praia do Forte, lá embaixo. São José da Ponta Grossa foi a segunda fortaleza “bolada” pelo Brigadeiro José da Silva Paes, que configurava um vértice do triângulo de fogo, uma forma de impedir que algum navio se aventurasse a atracar na ilha. Em 1765, para completar a sua defesa no flanco leste, o militar construiu chamada Bateria de São Caetano, localizada junto à Praia de Jurerê, a cerca de 200 metros da fortaleza.

O conjunto arquitetônico dentro dessas muralhas, lá nas alturas, é magnífico. O prédio principal, a Casa do Comandante, construção de dois pavimentos que nos quais estão expostos objetos de diversos usos naquele período de 1700/1800. Em 2015 havia uma exposição de trajes antigos usados pelos militares e outras pessoas que moravam ali. Uma das alas do prédio, menor, porém construída com muito “engenho e arte”, como já disse um poeta e navegador português, era destinado ao Paiol da Pólvora. Esse engenho e arte pode ser visto junto às ameias – no telhado – com pequenas frisas inclinadas, para impedir que as balas de canhões não atingissem a pólvora estocada. Um detalhe que nos chamou a atenção foi a fala de uma menina de uns 10 anos, conversando com os pais: “O que é paiol e a pólvora, o que é pai?” Portanto, uma visita numa Fortaleza é uma aula de história de muito mais.

A Capela dedicada a São José é a única construção do Sistema Defensivo da Ilha de Santa Catarina que manteve até os dias atuais a sua função original. Ali são rezadas missas e os visitantes católicos (meu caso) fazem suas orações ao Santo, cuja imagem é, por si só, uma obra de arte. A Fortaleza esteve abandonada e completamente arruinada quando foi tombada em 1938 como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Nas décadas de 1970 e 1980, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) realizou os primeiros trabalhos de arqueologia, de restauração parcial da Capela e de consolidação de alvenarias de pedra da Casa do Comandante e trechos de muralhas. Em 1990, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) conclui o processo de prospecção arqueológica.

Uma das casas nas quais os soldados e pessoas que ali viveram foi transformada parte em museu, com peças diversas, e outra destinada para rendeiras de bilro da região da Ponta Grossa. Essas senhoras produzem ali mesmo as peças mais delicadas que podem ser blusas, mantas, xales, saídas de praia ou fitas de renda. É bom sempre levar uma grana extra para poder adquirir algumas peças desse rico trabalho. Em dias de maré calma, o visitante pode descer a escadaria e chegar à praia da Ponta Grossa. É um passeio muito especial.
Como Visitar cada uma das Fortalezas

Ao Norte: Santa Cruz de Anhatomirim – de lancha, pelo Barco Pirata que tem saída da Praia de Canasvieiras ou – se for um bom nadador poderá se aventurar entre uma das praias de Governador Celso Ramos, que fica bem próximo. Santo Antônio de Ratones – De lancha, barcos que saem debaixo da ponte antiga, a Hercílio Luz ou mesmo do trapiche de Canasvieiras.

Ao Sul: Conceição de Araçatuba – Pode-se chegar de barco, lancha e outros tipos de embarcações que saem do Sul da ilha. É possível – e muito bonito, sair de barco pela praia da Pinheira, onde vários barcos fazem o passeio. Junto à praia do Sonho também é possível conseguir condução. Mas, em todos esses casos que é preciso viajar pelas águas, existem empresas especializadas. Buscar informações turísticas que facilita. Veja: