A Cultura em Olinda está nos seus casarios antigos
Antônio Conselheiro, o conquistador de almas sertanejas e desvalidos, que reuniu multidões em rezas e conceitos próprios em pleno sertão nordestino; Lampião, o cangaceiro amado e odiado, que impôs perdas aos ricos e policiais dos governos, e o líder mais conhecido e reverenciado pela comunidade negra, o grande Zumbi de Palmares, que desafiou senhores de engenho e autoridades na luta pela libertação e criação de um espaço livre para os negros escravos, são os Reis Magos de um dos presépios do Museu de Arte Sacra de Pernambuco, em Olinda (PE).
O prédio deste museu é o Antigo palácio episcopal, construído no século XVII. Exposto na Sala dos Presépios, de Adoração ao Menino Jesus pelos Anjos, o Presépio Nordestino é fruto do trabalho de vários artistas populares do nordeste brasileiro.
Confeccionado em palha, barro e madeira, essa peça – na verdade muitas peças – é um dos muitos atrativos desta sala que. Entre os dias os dias 12 a 18 de maio 2014 deverá receber grande visitação, pois é o período da programação da 12ª Semana de Museus, uma promoção do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que nestes dias incentiva a realização de eventos, uma forma de divulgar as preciosidades que estão nos museus e a importância desses para a cultura em geral. No Museu de Arte Sacra, localizado no Alto da Sé, em Olinda, cada sala está destinada a um pouco da história dos santos, dos ofícios religiosos, sejam nas moradias ou nas igrejas, e muito de Cristo e folguedos religiosos populares. Na sala da Paixão de Cristo, a dos Martírios, cada peça mostra um momento de seus momentos finais, obras repletas de realismo, de tristeza e de emoção. O mesmo pode-se dizer dos santos de cabeças cortadas – e aqui já entra um pouco de história mais conhecida – pelos holandeses que não tinham a mesma religião daqueles que os combatiam, na luta travada entre portugueses e brasileiros contra os invasores que queriam se apossar daquela linda e rica região do Brasil, um avanço que ia de Pernambuco até o Rio Grande do Norte.
A bela e histórica Olinda, já é quase um museu a céu aberto, tal a grandiosidade dos seus casarios, capazes de reportar o cidadão a épocas às quais ele viu apenas em livros. Seu conjunto de igrejas, capelas, conventos, seminários complementam esse quadro de ensinamento. Tanto que a cidade foi declarada já no século passado Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO e Monumento Nacional. Mas além de todos esses prêmios e arquitetura, Olinda tem mais que precisam ser vistos, como forma de saber mais sobre o povo, a região e seus costumes. O Museu do Mamulengo Espaço Tiridá é uma jóia.
Os mamulengos são os que trabalham com bonecos de fantoches, arte popular muito comum no Nordeste, e em Pernambuco. No museu estão expostos bonecos e famílias de renomados Mamulengos, artistas que ficaram na história pela forma como sabiam extrair – com meia dúzia, às vezes mais ou menos, de bonecos bem caraterizados, um riso franco da plateia. Ali estão os “medrosos”, “bonzinhos”, as “moças exibidas” ou “largadas”, as “beatas”, os delegados furiosos e geralmente um “gigolô” e um padre metido a casamenteiro, ou até namorador. Só de ver as figuras, algumas do bem e do mal, que as crianças são um dos focos para se extrair risos e dar lições de vida, o visitante imagina as cenas e solta o riso. Mas no dia 15 de maio de 2014, dentro da Semana dos Museus, o público que for visitar o Museu do Mamulengo, na Rua São Bento, 344, em Olinda, verá muitos desses personagens em ação.
Parece que os personagens dos museus saem às ruas e são encontrados nas muitas lojas de artesanato popular em Olinda. Em cada loja de venda de artesanato, que são muitas e lindas, no Alto da Sé ou em outros pontos, é possível encontrar artesanato do vestuário (esses comuns em todo o nordeste), e o de figuras exclusivas, com personagens comuns naquela região.
ONDE FICAR EM OLINDA
Com muitas opções de hotelaria e gastronomia, Olinda conta com pousadas em toda a sua extensão, morro abaixo ou acima. No alto da Sé – com uma vista deslumbrante de Olinda, Recife e do Mar de Pernambuco-uma rede ampla de restaurantes atende diversos paladares. Mas junto à orla, existem também muitas opções, que vão desde comida caseira, regional nordestina, frutos do mar e à la carte. A noite de Olinda está sempre em ebulição e no momento a cidade vive as Serenatas das Sextas-Feiras, que começa em maio e vai até pintar outro folguedo. Os grupos musicais sobem ladeira acima, descem, sempre em música, como se fosse uma procissão. Ainda não é o São João e nem o Carnaval, que esses são especiais ali.
A rede de pousadas e hotéis é diversificada para atender os seus hóspedes, muitos estrangeiros (inglês, francês, alemães, italianos, noruegueses, portugueses), conta Luís Gonçalves, do Hotel Pousada São Francisco, localizado ao pé da Sé, na rua do Sol, a 100 metros do mar, dentro do que se chama de Centro Histórico. A pousada foi fundada em 1987 e atende turistas em geral e oferece espaço para o turismo de negócios, com um salão de convenções e salas auxiliares. Conforme Luís Gonçalves havia uma demanda reprimida nessa área, pois muitos eventos reuniam pessoas que gostariam de também fazer turismo e acabavam sem tempo. O local é aprazível, nos seus 2.882 metros quadrados de área construída, 1.498 desses de espaço verde, formando um grande jardim tropical, onde pássaros tem refúgio garantidos.
Dispõede piscina, restaurante, bar, garagem, salas de reuniões, salão de jogos e demais serviços. Estão dentro do Centro Histórico da histórica Olinda, cidade distante apenas 20 quilômetros da capital pernambucana, Recife.
Informações:
www.olindaturismo.com.br
http://www.pousadasaofrancisco.com.br/
http://museumamulengo.blogstpot.com