Ruschi, um pioneiro ambientalista – beija-flores
Beija-flores em Santa Teresa, no Espírito Santo
O Circuito turístico do Colibri, no município de Santa Teresa (Espírito Santo), região de serra onde italianos chegaram e fixaram moradia, em torno de 1880-90 , é uma mostra de como a natureza, agregada à mão do homem bem intencionado, pode ser melhor aproveitada. Verdade que a região, recebeu a ajuda do ambientalista Augusto Ruschi (1912-1986), um agrônomo, cientista, ambientalista que se destacou pela proteção à mata atlântica e por suas pesquisas de colibris (os beija-flores) e orquídeas. Esse grande defensor da natureza – e por esse motivo premiado e injustiçado ao mesmo tempo – a exemplo do naturalista gaúcho José Lutzenberger antecipou o que nos dias atuais, em 2014, é tido como urgente: a preservação ambiental. Premiado e ao mesmo tempo caluniado, Ruschi deixou um legado indiscutível, voltado à preservação ambiental, garantindo mudança em procedimentos, e reservas da mata atlântica. Ao mesmo tempo deixou, no centro de Santa Teresa, onde viveu a maior parte de sua vida, o Museu Mello Leitão, local que atrai visitantes de todo o Brasil e exterior.
É provável que Santa Teresa, uma cidadezinha enrodilhada entre montanhas, no vale, tenha ficado mais famosa depois das muitas brigas que Ruschi fez, sempre em favor do meio ambiente. Uma coisa é certa. Essa cidade onde a rua principal – com seus prédio antigos, entre esses a Igreja Matriz se transforma, todas as noites, com restaurantes mais ou menos chiques – recebe os visitantes com a cortesia e alegria de italianos e do gentio local, tem sua marca registrada na obra principal do naturalista Augusto Ruschi: O Colibri. E não existe necessidade e explicações, afinal, na área sombreada e extremamente agradável do Museu Mello Leitão, beija flores ou colibris estão em casa.
O analista do Museu, Rosemberg Martins, acolhe alguns em sua mão, enquanto eles buscam os bebedouros. O museu compreende algumas edificações dentro de um parque arborizado com 30.000 metros quadrados. Um jardim rupestre, os viveiros de animais e o serpentário, os pavilhões de botânica e de zoologia, com animais taxidermizados. Tudo voltado à pesquisa, ensino e informação para que o visitante saiba como cuidar.
Fundado em 1949 por Ruschi, o Museu realiza ou possibilita a realização de importantes pesquisas sobre a Mata Atlântica. Entre as coleções do Museu, destacam-se a de beija-flores com cerca de 1.700 exemplares, a de orquídeas com 1890 exemplares, a de morcegos com 1.300, e o herbário que contém sete mil plantas para estudo. Mas se muitos visitantes vão direto para as áreas internas, em busca de informações, observadores de aves do Brasil e de muitos países ficam nas trilhas do Mello Leitão, espreitando e fotografando de tudo: começa com colibris, mas se deparam com tucanos, saracuras, e tantos outros. É uma festa.
Além da área do Museu, o legado de Ruschi está em toda a parte. Tem, ainda, a Reserva Biológica Augusto Ruschi, situada em Alto Santo Antônio, a 7 km do Centro. É aberta a visitas somente para fins de estudo e pesquisa, mediante agendamento. É dotada de infraestrutura administrativa, Casa de Apoio para Pesquisadores e Centro de Vivência para Educação Ambiental. Mas é na Estação Biológica de Santa Lúcia, área que motivou muitos das brigas de Ruschi, que os restos mortais desse grande repousam.
Distante cerca de oito quilômetros da área urbana, a Estação possui aproximadamente 400 hectares de Mata Atlântica preservada. O local abriga o túmulo do “Patrono da Biologia no Brasil” e responsável pela criação da área. Conta com instalações de apoio para o desenvolvimento de atividades na estação, principalmente pesquisas científicas e aulas de campo. A EBSL tem uma estação pluviométrica do DNAEE, Museu de Biologia Professor Mello Leitão.
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