Caminhos da Neve em Santa Catarina
Emoções na região Serrana Catarinense
O roteiro Caminhos da Neve, na região Serrana ou Planalto Sul Catarinense, têm atrações durante todo o ano, e não apenas no inverno, quando ocorrem geadas, nevadas e dias em que até mesmo a neblina ou cerração congela devido à extrema altitude e a baixa temperatura. Nos municípios de Urupema, Urubici, São Joaquim, Bom Jardim da Serra e outros vizinhos como Painel, as temperaturas no começo deste ano estavam com uma média de 18°C, uns 9°C na madrugada. No Morro da Igreja, em Urubici, nos seus 1.822 metros de altura, devido ao vento e uma cerração gélida, a sensação no dia cinco de janeiro deste ano, chegou a 5°C, no meio da tarde. Na cidade a temperatura estava, minutos antes, em 24°C.
Verdade que a cerração nesse dia, fazia um lindo jogo de esconde-esconde com o sol. Uma nuvem surgia no céu, a neblina baixava. Uma réstia de sol vencia a escuridão e o vento ficava mais ameno, descortinando a paisagem e nesta a Pedra Furada, para alegria dos visitantes, muitos sem agasalho algum. Eu abri o porta malas do carro e de lá tirei uma toalha de banho das grandes (sempre viajo com ela) e coloquei sobre o casaco de náilon para poder resistir ao frio e curtir a Pedra Furada, um monumento feito pela natureza, lembrando um templo grego, um dos principais atrativos do Parque Nacional de São Joaquim.
Lá do Morro da Igreja é possível visualizar os Aparados da Serra, (lado catarinense e gaúcho), localizar as nascentes dos mais importantes rios que correm na região e, sobretudo apreciar a mata de araucária que deslumbra o visitante desde Painel, passa por Urupema, atinge Urubici, chega a São Joaquim e prossegue. A nascente do rio Pelotas, que divide Santa Catarina do Rio Grande do Sul e depois se funde com o Rio do Peixe, formando o grandioso Rio Uruguai, indo desaguar, bem mais adiante, no Rio da Prata fica ali, na altura de Bom Jardim. Sem contar que o rio Canoas, nasce um pouco mais abaixo e segue para o centro de Santa Catarina. Na altura entre Lages e Curitibanos, em meio a uma floresta de araucária, a heroína Anita Garibaldi – que junto com guerreiros farroupilhas subiu as encostas íngremes daquela região, desde Laguna, passando por Lages – fugiu das forças imperiais e cavalgou rumo à liberdade, em busca do seu exército, do seu amado Giuseppe Garibaldi. Chegou a Lages onde foi acolhida, por sorte por uma família que abraçara a República Juliana, nome com que a Revolução Farroupilha foi batizada no Planalto Catarinense. Bem, mas isso já é outra história!
O certo é que no Outono é uma boa estação para se visitar a região, pois os dias são muito luminosos e a vista alcança longe, em especial lá de cima dos morros e do Morro da Igreja, no Parque Nacional de São Joaquim. Criado em 1961, após estudos e conclusões de que a região seria devastada, e que não sobraria um único pé de araucária, a não ser nos pontos onde o homem não conseguia e não consegue chegar, ainda hoje, o Parque é uma reserva exclusiva com cerca de 50 mil hectares, que abrange, na parte mais alta, acima de 1.800 metros, Urubici e Bom Jardim da Serra. Na parte mais baixa, 1.600 metros de altitude, compreende partes dos municípios de Orleans e Gran Pará. A reserva está sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e visa a proteção dos remanescentes de Matas de Araucárias e o bioma da Mata Atlântica. Conforme consta na página do ICMBio – e como informam os pesquisadores e demais servidores que atuam na sede, na cidade de Urubici, onde inclusive tem um pequeno museu com amostragem da flora e fauna – além de conservar ecossistemas existentes na Unidade de Conservação, ela foi criada com o objetivo de promover a educação ambiental, a pesquisa e a visitação pública”. Para visitar o local, numa altitude de 1.822m, é necessário obter autorização na sede Administrativa do Parque Nacional de São Joaquim, na Av. Felicíssimo Rodrigues Sobrinho, 1542 – Urubici/SC – (49)3278-4994, pois há limitação de visitantes por dia, devido a uma verdadeira “invasão” ocorrida em 2013, e a preocupação com possíveis danos ambientais. Essa restrição ou limitação, pois as trilhas que antes permitiam acessar vários pontos foram proibidas, gerou críticas, mas o ponto principal, que é o Morro da Igreja, está com trânsito livre para quem pegar a autorização, sem custos. Como a área tem um Centro Integrado de Controle de Aéreo, administrada pela Força Aérea Brasileira, o CINDACTA II, os militares fazem o controle, deixando passar somente os que têm a autorização. É permitido, na estrada que leva ao topo, o trânsito de pedestres, ciclistas e veículos leves (motocicletas, automóveis e vans). Ônibus e caminhões, nem pensar. São 17 quilômetros do pé ao topo. E vale a pena, pois é do Morro da Igreja que se vislumbra todo o cenário de cinema.
Como chegar na rota Caminhos da Neve
Como só existem voos regulares para Florianópolis, a solução é seguir:
Via Rodoviária: São dois os acessos rodoviários para quem sai de Florianópolis. O principal sai da capital (Florianópolis/SC) seguindo pela BR-282, sentido Lages/SC, na localidade de Santa Clara, município de Bom Retiro/SC. Daí vira-se à esquerda pela rodovia SC-438 (Serra do Panelão), e após 24 km chega-se ao município de Urubici/SC. Desse ponto até o parque são mais 27 km em estrada rural (sem pavimento), estrada geral do Morro da Igreja. O segundo acesso é mais longo, mas com uma beleza incomum.
Saindo da capital (Florianópolis/SC) segue-se pela BR-101, sentido Tubarão/SC. Quando chegar neste município vira-se à direita sentido Orleans e de lá pela SC-438, conhecida como Estrada da Serra do Rio do Rastro. A estrada é repleta de mirantes, única. Passando a serra o visitante chega a Bom Jardim da Serra e de lá pode conhecer o Cânion Laranjeiras ou seguir mais 80 km pela mesma estrada e chegar a Urubici.
Saindo de Lages – seguir pela BR 282, rumo Florianópolis, entrar rumo a Painel, na SC 439, seguir até Urupema. Dali pela SC 112, passando por Rio Rufino, já pela SC 475 com destino até Urubici. Distância? Não conta. Fala a paisagem.