Muita Emoção na Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, no Agreste Pernambucano

Área externa ao espetáculo, antes de entrar no recinto

            Assistir a Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, no maior teatro ao ar livre do mundo localizado no município do Brejo da Madre de Deus, agreste de Pernambuco, é uma experiência única, muito emocionante. Neste ano de 2022, o espetáculo teatral que ficou dois anos sem apresentações, por causa da Covid 19, retomou o espetáculo na Semana Santa, de 09 até dia 16 de abril, quando a Sociedade Teatral de Fazenda Nova deu vida ao local que fica a 180 quilômetros de Recife.

Na véspera, dia 08 de abril, jornalistas, agentes de viagens, autoridades e outros convidados especiais puderam acompanhar a encenação antes da estreia ao público. Acompanhamos essa retomada junto com cerca de duas mil pessoas. Já de 09 a 16 de abril, o espaço lotou completamente, com cerca de 10  mil pessoas/dia, ou em cada apresentação, já que o espetáculo ocorre sempre a noite, após às 18h, com três horas de duração. Em 2023 a Paixão de Cristo será encenada do dia 01 a 08 de abril.

O cenário criado pelos idealizadores, liderados pelo gaúcho Plínio Pacheco, de Santa Maria, tem uma dimensão que leva o espectador a reviver a vida de Jesus em nove palcos-plateia, com uma arrojada cenografia que reproduz parte da Jerusalém dos tempos de Jesus.

Na peça teatral, que este ano completou 53 anos de encenação, a vida de Jesus foi contada com uma arrojada cenografia que reproduziu parte da Jerusalém dos tempos de Jesus, incluindo o grandioso Templo, o Fórum Romano, o Palácio de Herodes, o Sinédrio (fórum dos judeus, onde eram feitos os julgamentos e onde Jesus foi condenado), o Fórum de Pilatos, o monte das Oliveiras, o Monte do Calvário, o Túmulo de Jesus. Tem, ainda, antes do Monte do Calvário e do Túmulo, a Via Sacra – um momento muito emocionante –  onde Jesus cai, ao carregar a cruz, e recomenda às mulheres, que choram: Não choreis por mim, mas pelos vossos filhos!

Isso tudo com personagens usando vestimentas de um figurino e efeitos especiais de última geração – o que se renova a cada ano, com releitura, sempre seguindo a tradição bíblica. Um ponto muito importante, a cada mudança de cena, o público segue para o próximo cenário, guiado por equipes com lanternas vermelhas, indicando o novo cenário. Com isso, dá tempo para que a plateia de desloque com seguranças, sem pressa, ao som de músicas sacras. Afinal, o deslocamento é feito pela área que consta de subidas, descidas, até se chegar as arenas do novo palco, onde o público fica posicionado no entorno.

Jesus, neste ano de retomada de 2022, foi vivido com honra pelo ator Gabriel Braga Nunes. Muito magrinho, mas com fala muito firme e eloquente, ele foi um Jesus Cristo perfeito. Christine Fernandes, viveu sua mãe, Maria e Luciano Szafir, interpretou Herodes de forma magistral, da mesma forma que o ator Sérgio Marone, viveu um Pilatos atormentado. Madalena, a atriz pernambucana Marina Pacheco, ao lado de Maria reproduziram com muita emoção os últimos momento da vida de Cristo. Além dos artistas convidados, o elenco que fez parte da plateia chorar na Paixão de Cristo, esteve formada por cerca de 450 atores e figurantes pernambucanos que atuam no espetáculo sob a direção artística de Lúcio Lombardi e do assistente especial de direção Alberto Brigadeiro.

            “A retomada dos espetáculos é motivo de muita alegria não só para nós, mas também para todos os pernambucanos que conhecem a história da Nova Jerusalém e sabem da importância que a Paixão de Cristo tem para a cultura e para a economia do nosso Estado”, afirmou, Robinson Pacheco, presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova e coordenador geral do espetáculo.

As encenações da Paixão de Cristo tiveram início nas ruas da vila de Fazenda Nova, distrito do município do Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, no período de 1951 a 1962, por iniciativa da família Mendonça. Mas a iniciativa da construção da cidade-palco de Nova Jerusalém, que culminou por transformar a Paixão de Cristo num espetáculo internacional, foi do gaúcho de Santa Maria (RS), Plínio Pacheco e esposa, Diva Mendonça Pacheco. Diva foi uma grande atriz, produtora, carnavalesca, figurinista reconhecida em todo o Brasil, e viveu o papel de Maria, durante mais de 10 anos da Paixão de Cristo que vem sendo contada há 59 anos, desde 1969. Logo na entrada da cidade-palco da Jerusalém do Agreste, numa pedra está a primeira de muitas homenagens ao criador Plínio Pacheco.

A cidade-teatro de Nova Jerusalém criada por Plínio e mantida com muito zelo por toda a comunidade e também autoridades locais e governo de Pernambuco, tem 100 mil metros quadrados, o que equivale a um terço da área murada da Jerusalém original, onde Jesus viveu seus últimos dias. É cercada por uma muralha de pedras de quatro metros de altura e com 70 torres de sete metros cada uma. Tem, além dos palcos (com bancadas no chão, tipo arenas antigas, lago e área arborizada. Amplos estacionamentos permitem a chegada dos milhares de turistas peregrinos.

No setor de turismo, especificamente, o espetáculo da Paixão de Cristo traz resultados bastante positivos para restaurantes, hotéis, comércio de artesanato e operadoras turísticas do todo o entorno, envolvendo Recife e Porto de Galinhas, Gravatá, Caruaru, além beneficiar o turismo em outras regiões e estados, pois até mesmo Campina Grande e João Pessoa, na Paraíba são envolvidas. As estimativas do governo de Pernambuco, neste ano, eram de que durante a temporada de 09 a 16 de abril, fossem movimentados um montante da ordem de R$ 400 milhões na economia do Estado.

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