Em Belém do Pará, o Mosqueiro é parte da Amazônia
Um passeio pela baia do Guarajá, percorrendo uma série de praias e dos rios que a formam, é indispensável para quem deseja conhecer um pouco mais da capital do Pará, a cidade de Belém e os seus arredores. Uma ilha fluvial, chamada Mosqueiro, localizada no que se chama Costa oriental do Rio Pará, no braço Sul do Rio Amazonas, é um dos passeios recomendados. Fica distante cerca de 70 quilômetros de Belém. Utiliza-se transporte terrestre, o que permite conhecer um pouco mais da região e depois se busca Mosqueiro, de onde saem vários passeios em barcos construídos para andarem bem em qualquer parada.
O nome Mosqueiro viria, conforme estudiosos, da palavra moqueio, que significava a secagem dos peixes sobre uma grelha e com lenha de tucumã e envoltos em folhas do guarumã, duas árvores-arbustos da região. Nessa época, aquela região, com os tupinambás, era responsável por abastecer Belém com peixe seco. Da ilha também vinham outras provisões da área agrícola e pecuária.
Na década de 60, exatamente em 1968 foi inaugurada uma estrada até a beira do Rio Pará. Dali a ligação se fazia por balsa até a ilha. Em 1976 foi construída a ponte Sebastião Oliveira, que aumentou a visitação ao local e em especial às praias.Nos dias atuais No verão paraense (mês de julho é o pico), restaurantes e bares da região recebem uma clientela muito grande, e aproveitam para apresentar os pratos típicos, a base de peixes com predominância de pratos comuns aos indígenas que habitavam e muitos com hábitos urbanos, ainda habitam a região. Os visitantes vão em busca de praias de água doce, pois são 17 nos 212 quilômetros, algumas só visitadas de barco, que tem movimentos de maré. Além de próprias para banho, a maioria serve para a prática de windsurfe, kitesurf e vela. Os iatistas paraenses têm preferência pelo local.
Mas para quem vai de longe, as praias podem ficar em segundo plano, porque os passeios de barcos por entre as muitas vias que são os rios, é o melhor. Nesses passeios, pode-se visitar pontos nos quais as famílias vivem quase que exclusivamente da colheita do açaí, fruto da palmeira do mesmo nome. São famílias que receberam orientação e há bastante tempo plantam as árvores e colhem de forma a não prejudicar o meio ambiente, de forma sustentável.
Nessa rota por entre águas, é possível verificar como são os hábitos locais, coisas que passam de pai para filho. Encontram-se complexos turísticos ou de lazer, nos quais as piscinas são feitas dentro da água e com a água dos rios. Ou seja, como os rios são muito profundos, os ribeirinhos colocam na beira da água um cercado de madeira com fundo, de forma que a pessoa não cai nas águas do rio, mas nesse “buraco piscina”. Esse complexo foi uma das coisas que me surpreendeu demais. Vizinhos se visitam com seus barcos e formam um ambiente igual como ocorre em centros urbanos, onde se busca um clube para curtir o calor junto a uma piscina.
Outra coisa que chama a atenção e, para quem é da cidade e não nasceu praticamente dentro das águas, chega medo. Muitas crianças, pequenos meninos e meninas passeiam em suas canoas ou caiaques sozinhas no meio da imensidão das águas. Fazem aquilo com a naturalidade dos que estão no pátio da escola, passeando. Nas margens e nas águas pode-se ver animais de todo tipo. Existe um peixinho muito pequeno que parece seguir os barcos, pondo os olhinhos pra fora da água muito rapidamente. Creio que esse é um dos passeios mais interessantes para se conhecer aquela parte da Amazônia e apreciar os costumes locais. A saída para esses passeios é do Trapiche na praça central – por sinal muito bonita – se Mosqueiro. Mas não é viagem de se fazer sem orientação. Por isso, vale a pena procurar uma agência de viagens e pedir essa rota que é exclusiva. Barqueiros de Mosqueiro sabem como orientar um visitante nessa rota tão aprazível. Mas tem agências em Belém, que podem oferecer algum roteiro que interesse.