Sítio Acapu, junto de Belém do Pará
Acapu mostra a natureza e a arte indígena
A capital do Pará, a histórica e muito verde cidade de Belém, tem muitos atrativos em seu meio urbano. Mas uma visita a esta cidade requer um dia a mais para se ter uma noção mais clara sobre a comunidade indígena da região, seu meio de vida, artesanato e, sobretudo a sua sobrevivência. O Espaço Botânico Acapu, localizado no município de Marituba, logo após o de Ananindeua, distante apenas 20 quilômetros do centro de Belém, é o local indicado para essa experiência que fica na alma da pessoa. Uma reserva ecológica com 12.000 metros quadrados de mata, trilhas e recantos em meio à mata. Junto da sede, as trilhas contam com imagens feitas de madeira ou barro, mostrando figuras míticas como a Caipora, o próprio índio na sua “área”. Onças e outros seres das florestas tropicais.
Criado pela Fundação Ipiranga, uma instituição que mantém uma universidade e que lançou as bases e entrou com recursos para a criação do Museu do Índio do Pará, este em Belém, o Sítio Acapu é um espaço que conta com espaço de eventos e para hospedagem. Realiza, no local, cursos, seminários e, sobretudo recebe alunos da rede de ensino para mostrar a forma como se deve tratar a natureza e o índio. Na sede, uma casa antiga, um bom auditório estilo uma Oca, decorado com pinturas dos índios da aldeia Asurine, de Altamira, onde a Fundação mantém trabalho permanente com pesquisadores e equipe de apoio para as necessidades da tribo. Essa tribo, além de poder enviar seu artesanato para a capital, no Museu do Índio, recebe orientação sobre a vida urbana e uma vez por ano a equipe completa de saúde a visita, pois a região é remota. Pesquisadores e mesmo pessoas interessadas podem se qualificar a fazer o passeio até a tribo, podem se inscrever, pois há um custo estipulado para essa aventura. Na Oca do Acapu o visitante fica conhecendo o trabalho que é desenvolvido junto à aldeia Asurini do Kwatinemo.e no Sítio Acapu, através de vídeos e de um bom bate papo. Tem um pouco de tudo, além do mais saboroso cuscuz branco com leite de coco como lanche. A Trilha ecológica com lendas Amazônica, a Oca, Casa da Farinha, a Casa do Caboclo, uma Exposição de arte indígena e a Capela. Na chegada, se desejar, já pode pintar a cara ao estilo asurine. Eu deixei pintar a minha com urucum.
Exatamente em 26 de setembro de 2011, um grupo de jornalistas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco e de Goiás plantou uma árvore numa das alas do Sítio Acapu. Este exemplar figura junto com outros, uma das atividades que são oferecidas aos visitantes. Cada árvore recebe um nome por votação e a nossa – eu, Jurema Josefa e Gilberto Müller, estávamos presentes – chamou-se Harmonia. Concluímos, o grupo de comunicadores, que o dia passado no Acapu tinha sido de grande harmonia, portanto um ambiente incapaz de gerar a guerra. Portanto, um ambiente de muita paz. O nome Harmonia prevaleceu entre os que foram escritos em uma brincadeira muito estimulante. O coordenador do Acapu, Jaime Lisboa, solicitou que cada um escrevesse no papel uma única palavra de algo que estivesse sentindo, que representasse o dia. Ao final, harmonia venceu. Então ele disse que iríamos plantar a nossa árvore Harmonia, e assim fizemos. Tenho notícias de que está muito bem. Certamente um dia voltarei a visitá-la.
Uma viagem ao Belém do Pará requer tempo para curtir a natureza e a beleza dessa cidade histórica com sua arquitetura setecentista mesclada com o barroco jesuítico do século XVII e banhada pelas águas do Guarajá. A cidade foi fundada em 12 de janeiro de 1616, quando da construção do Forte do Presépio. Os frutos e comidas regionais devem ser conhecidos inicialmente no antigo mercado Ver-o- Peso. Ali, num passeio entre as tendas se tem uma ideia de como as folhas, plantas, cipós, raízes e ervas- e até mesmo alguns insetos e peixes miúdos – são usados na alimentação e, sobretudo como medicamento in natura. No Ver-o-Peso e em restaurantes pela cidade, o visitante pode experimentar o caldo tradicional Tacacá e o peixe com açaí. Aliás, o açaí está presente em tudo. Começa como suco, vira sorvete e vai aos pratos salgados. Chega de mansinho, pelo rio em barcos de todos os tamanhos, e toma conta da gastronomia servida na cidade de Nazaré, cuja procissão reúne, em todos os outubros, milhares de fiéis do mundo inteiro.
O Ver-o-Peso é a maior feira livre da América Latina. Está localizada na Cidade Velha, às margens da baía do Guarajá, que deve ser visitada de barco, para conhecer os hábitos dos moradores das muitas ilhas. Inaugurada em 1625, era entreposto fiscal, onde se media o peso exato das mercadorias para se cobrar os impostos para a coroa portuguesa. Nessa área estão localizados palacetes, casarios e uma infinidade de prédios e de museus que precisam ser visitados. Ali figuram, entre outros, o Mercado de Ferro, o Mercado da Carne, a Praça do Relógio, a Doca, a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo e o Solar da Beira e a Praça do Pescador. O conjunto foi tombado pelo IPHAN, em 1997. O mais importante – pelo fato de estar totalmente revitalizado e em pleno uso para todas as finalidades culturais, de trabalho e transporte – é o conjunto das Docas, antigo porto.
O Museu do índio do Pará fica ali perto. Criado por iniciativa da Fundação Ipiranga, é importante, pois tem a finalidade de mostrar à sociedade e incentivá-la, sobre as causas indígenas, o verdadeiro primeiro habitante das terras brasileiras. Sempre tem mostras importantes do artesanato e a venda desses produtos, como forma de apoio à manutenção da tribo.
Outros pontos que merecem uma vista é o Mangal das Garças, o Bosque Rodrigues Alves e o Museu Paraense Emílio Goeldi. Claro que a área central, onde está localizada a Basílica de Nazaré é visita obrigatória. A rede hoteleira e de restaurantes em Belém do Pará é de boa qualidade e tem preços para todos os bolsos. No Complexo das Docas é um excelente lugar para desfrutar de uma boa refeição em ambiente aprazível.
http://www.belemdopara.tur.br/
http://www.ipirangaeducacional.com.br/?pg=galeria&id=379
A visita fez parte da programação do Congresso da Abrajet realizado em Belém do Pará.