Consórcio Cânions do Sul divulga atrações do Geoparque

Leandro, Prescila Ventura e Jorge, na apresentação

O Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, chancelado pela Unesco em abril deste ano, se transformou em mais um incentivo à promoção do turismo rural, de aventura, científico, cultural e outras modalidades. No último Festuris Gramado, o coordenador de desenvolvimento econômico do Consórcio Cânions do Sul, Jorge Scandolara Júnior e o coordenador de Turismo Leandro Bazotti fizeram uma exposição sobre o que significa um geoparque e, ao mesmo tempo, quais as propostas e ações para o desenvolvimento sustentável dessa área que envolve dois estados, abrange uma área de 2.830 quilômetros quadrados,  sete municípios – 4 em Santa Catarina e 3 no Rio Grande do Sul – tem 73.500 habitantes e dois parques nacionais.

Torres, no RS com o Complexo da Guarita e cidade/ Foto Gabriel Zaparolli

            A história do Geoparque começou em 2007, por iniciativa do prefeito de Praia Grande, na época, João José de Matos. A proposta envolvia seis municípios da região, sendo três de Santa Catarina e três do Rio Grande do Sul. Já em 2009, o projeto passou a ser liderado pela parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), de Araranguá (SC) e Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (AMESC). Nessa época, o território foi ampliado para 19 municípios. Entre 2010 e 2011, aconteceram os primeiros estudos do inventário dos geossítios pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Em 2014, com o amadurecimento do projeto, a área do Geoparque foi reduzida para os atuais sete municípios, como forma de direcionar os esforços para uma área núcleo. Em 2017, foi criado o Consórcio Público Intermunicipal Caminhos dos Cânions do Sul, órgão responsável pela gestão do Geoparque. Em 2019, o Consórcio enviou à UNESCO o dossiê oficializando o processo de candidatura à Geoparque Mundial. Em novembro de 2021, a área recebeu dois representantes da UNESCO que percorreram todos os municípios do território, avaliando se o projeto cumpria os requisitos para o título. A avaliação foi positiva. Então, em abril deste ano de 2022, a região recebeu oficialmente a chancela como Geoparque Mundial da UNESCO.

Floresta predominante no RS é a araucária

 Após todas essas demandas os sete municípios: Jacinto Machado, Morro Grande, Praia Grande e Timbé do Sul em SC e Cambará do Sul, Mampituba e Torres no RS são os integrantes do Consórcio do Geoparque. O que esses municípios ou território têm em comum é sua história geológica iniciada há aproximadamente 250 milhões de anos e tem relação com o rompimento do supercontinente Gondwana e abertura do Oceano Atlântico Sul. Chama atenção a exuberância do patrimônio natural. Localizados na Serra Geral, os cânions limitam o planalto e a planície costeira, com desníveis que chegam a 1000 metros e estão a menos de 50 quilômetros do mar. A região apresenta inúmeras quedas d´água, piscinas naturais, lagoas e rios, além de praias e campos de dunas e o mar, esse em Praia Grande. Neste cenário, encontram-se também diversas paleotocas, abrigos escavados por animais já extintos, que viveram há mais de 10 mil anos, como as preguiças gigantes.

As tocas de preguiças gigantes e depois morada de indígenas Xokleng/ foto Priscila Ventura Gamba

            Os Geoparques, de acordo com os conceitos da Unesco, têm a missão de permitir aos pesquisadores descobrir ainda mais sobre o homem e o meio, apontando os ciclos de vida desde a formação dessas áreas. São 177 geoparques no mundo, abrangendo 46 países. O Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, no Brasil, trabalha pela conservação dos principais sítios geológicos da região, favorecendo o uso sustentável destes locais para fins como pesquisa científica, atividades educativas e atividades turísticas de mínimo impacto ao meio ambiente.

Roteiro dinâmico começa em Torres

            A Cânions do Sul propõe o Georroteiro abrangendo os sete municípios, reunindo desde as belezas naturais, muita aventura, fé, gastronomia, sensações e descobertas. Essa rota pode ser feita em 14 dias, com grande parte das rotas por trilhas, a pé, portanto mais indicada para os praticantes de turismo de aventura com boa forma física. Mas também poderá ser feita em etapas, o que possibilita mais tempo para descanso entre um trecho e outro. Para usufruir de todo o conjunto, entretanto, o ideal e na maioria dos locais, a visita deve ser guiada, pois existem muitos locais sem recursos para atendimento de emergência. Em todas as cidades foram treinados guias para descrever o que se apresenta ao visitante.

A beleza das flores na vegetação resteira

O roteiro começa em Torres/RS, com o Parque Estadual da Guarita, e de Itapeva, seguindo para Mampituba, onde o roteiro inclui a visita ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Brocca. Local belíssimo, de onde se vê a Serra Geral, o rio Mampituba e os vales. Nesse dia a pedida é café colonial daquela região, visita a Cachoeira dos Borges e ao Museu da Estância, onde se pode ouvir música e “causos” locais.

Agora o roteiro atravessa o rio Mampituba e chega à Capital dos Cânions, o município de Praia Grande. Dali a subida para o Cânion Malacara, através da Trilha do Geossítio Cânion Malacara, onde se avista o Rio Malacara encaixado em fraturas de rochas basálticas da Formação Serra Geral e depósitos de blocos e seixos. Este cânion está localizado dentro do Parque Nacional da Serra Geral. Vem, na sequência o Rio do Boi, uma aventura inesquecível com oito horas de duração. Esse é um dos passeios mais desafiadores e lindos na região.

Voos permitem visualizar o mar, rios, cânions e muitos vales/Foto de Priscila Ventura Gamba

Em Praia Grande o visitante pode acrescentar um ou dois dias nesse roteiro de 14 dias. Ou fazer uma visita especialmente nessa cidade sem praia de mar, mas com praias dos muitos “despraiados e com pedras” do Rio Mampituda, montanhas, sendo conhecida como a Capital dos Cânions. Numa área mais acima se pratica o Boiacross, uma atividade esportiva, competitiva, que tem como finalidade descer as correntezas do rio Mampituba em câmaras de pneus de tratores ou caminhões. Esse esporte existe em Praia Grande/SC desde 1984, como evento realizado pelas pessoas da comunidade. Realizado no Balneário Mampituba, Parque Municipal Poço do Bira, consiste numa área de lazer situada a 50 metros do centro da cidade e às margens do rio, que divide os estados de SC e RS, o local possui uma boa estrutura para quem busca diversão e contato direto com a natureza.

Na Capital dos Cânios várias empresas oferecem voos de balão. Sob o comando do piloto Cristiano Luiz, a Kika balonismo é uma dessas. Presente ao Festuris Gramado, onde acompanhou a apresentação sobre o consórcio, também secretário de Turismo de Praia Grande, Jorge Scandolara, integrantes da Kika Balonismo divulgaram a atividade e promoveram sorteio de voos de balão aos presentes, em apoio à divulgação da região e do Geoparque. Os valores cobrados pelos voos dependem da quantidade de pessoas e até dos objetivos. Pois tem algumas pessoas que até casamento já querem fazer nas alturas!! Daremos notícias sobre a sensação, pois nosso Blog irá testar a aventura. Informações dos voos com balão pelo fone 48.992058442

Rumo à Cambará do Sul

A beleza das formações rochosas

Mas é preciso seguir o roteiro que volta, no 7º dia, ao Rio Grande do Sul, para a cidade de Cambará do Sul. A ida é pela serra, atualmente uma estrada de chão batido, uma aventura.  Dia de descanso para conhecer a cidade e curtir sua gastronomia. Aqui tenho preferência pelo Restaurante Galpão Costaneira, onde nós – grupo de observadores de aves- sempre fomos muito bem atendidos e comemos melhor ainda. Já estamos no 8º dia, com saída cedinho para o Cânion Fortaleza, nome tirado da paisagem geológica, que lembra velhos castelos. Ali tem a Trilha do Mirante, Cachoeira do Tigre Preto e da Pedra do Segredo.

Véu de noiva

 O 9º dia foi reservado para a parte alta do Cânion do Itaimbezinho, um dos cenários mais belos do roteiro. No primeiro mirante, é possível ver a Cascata das Andorinhas. No segundo, a cascata Véu de Noiva. No terceiro mirante, as duas cascatas. Volta para Santa Catarina no 10º dia, rumo ao Morro do Carazal, em Jacinto Machado/SC, onde na comunidade do Engenho Velho, onde fica o Geossítio Morro do Carazal, marcado por ocorrências de rochas ácidas (riolitos) com texturas de fluxo das lavas. O topo do Morro proporciona vista 360º da região, incluindo Serra, Litoral, os paredões do Cânion Fortaleza.

Foto de Joares Furlanetto, oto de capa do mesmo autor

Ainda em Jacinto Machado, o 11º dia foi reservado para a Trilha do Tigre Preto, que inclui percorrer o interior do Cânion Fortaleza, a trilha de média intensidade tem duração de um dia e total de 10 km (ida e volta), uma trilha longa, mas muito linda. Timbé do Sul, 12º dia – Cachoeira da Cortina, saindo cedo rumo a comunidade da Rocinha, onde se localiza o Geossítio Cachoeira da Cortina, rota onde a avistagem de animais silvestres é mais comum, devido a mata densa e exuberante, que proporciona belas fotos de árvores, arbustos, paredões de rocha basáltica e depósitos fluviais.

Em toda a região vivem muitos animais silvestres. Esse graxaim foi avistado no Fortaleza

Aqui é possível observar claramente os diferentes períodos geológicos de derramamento de lava vulcânica. Na base da Cachoeira, existe uma piscina natural; 13º dia – Paleotocas, na comunidade de Três Barras. A visita leva às populares Furnas dos Índios Xoklengs, indígenas que povoavam a região, aqui incluindo São Joaquim, Bom Jardim da Serra e Urubici (SC) e áreas dos Aparados da Serra do Rio Grande do Sul. As paleotocas foram escavadas por animais mamíferos gigantes da Mega Fauna. Mais de 140 metros de galerias subterrâneas, cujas paredes têm marcas das garras destes animais, retrato único de mais de 10 mil anos. Tempos mais tarde, essas mesmas estruturas teriam sido utilizadas como abrigo por Índios Xokleng que viveram na região; 14º dia – Cachoeira do Bizungo, encerrando essa rota de aventura.

São Muitas as vistas

O dia começa em direção à comunidade de Três Barras, onde encontra-se o segundo Geossítio Cachoeira do Bizungo. Percorrendo a mata, na encosta do Rio, chega-se a Cachoeira com altura de 110 metros, onde se visualiza o afloramento da Formação Rio do Rastro, sobreposta diretamente por basaltos da Formação Serra Geral.

Mais uma vista do Itaimbezinho

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