Geoparques atraem turistas em todo o mundo

A 11ª Conferência Internacional de Geoparques da Unesco, evento realizado entre os dias 8 e 12 de setembro em Temuco, no Chile, contou com representantes do Rio Grande do Sul que concentra o maior número de geoparques reconhecidos no Brasil. A Secretaria de Turismo do RS (Setur) também participou do encontro que teve por objetivo a apresentação de trabalhos de territórios de geoparques ao redor do mundo, reunindo representantes e especialistas para troca de experiências e práticas e formação de redes institucionais. O turismo, como já é praticado, em alguma escala, nos geoparques confirmados no Brasil e RS, é visto como o principal destino desses ambientes.
Na condição de único estado brasileiro com três geoparques – Caçapava do Sul e Quarta Colônia e mais um, o primeiro desses, reconhecido em 2021, dos Caminhos dos Cânions do Sul, cuja área abrange municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina – a presença do RS era de grande importância. No evento, houve a troca de informações, discussão sobre as possibilidades de aproveitamento pleno desses espaços que são regiões de importância científica, cultural, paisagística, geológica, arqueológica, paleontológica e histórica. Como essas regiões estão habitadas, em parte, por famílias, empreendimentos, as questões relacionadas a sustentabilidade também foram abordadas, da mesma forma como como o turismo foi apontado como um caminho adequado para se chegar a soluções. Nesta edição a conferência Mundial da Unesco foi no Geoparque de Kutralküra/Chile.

De acordo com notícia publicada no site da Secretária de Turismo do Rio Grande do Sul, o Brasil foi representado por seis geoparques: Araripe (CE), Seridó (RN), Uberaba (MG). Caminhos dos Cânions do Sul (RS/SC), Caçapava (RS), Quarta Colônia (RS). Além desses, uma delegação representou, no evento, o Raízes de Pedra, formado por oito municípios no centro do estado gaúcho, que pleiteia o reconhecimento como geoparque junto à Unesco.
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – que atua no parque de Caçapava do Sul e da Quarta Colônia – enviou uma delegação para participar do evento, visto que as experiências exitosas do geoparque anfitrião, o Kutralküra, são reconhecidas mundialmente. Nesse espaço, de 8.100 quilômetros quadrados, nos quais se encontram vulcões, lagoas, lagos, intensa mata de araucária (chilena) e no qual vivem vários povos originários (indígenas andinos) entre outros, a atividade turística tem grande relevância, englobando desde atividades de esportes radicais, de observação de aves, de contemplação, a produção e comercialização do artesanato, até a culinária com gastronomia baseada em costumes regionais e internacional. Além disso, a edição de 2025 reuniu representantes de mais de 50 países, produzindo uma série de troca de informações. Historicamente, a Asia, com a liderança da China, está muito mais avançada em projetos já desenvolvidos visando, principalmente, o turismo, sempre aliado à pesquisa e sustentabilidade.

Da UFSM estiveram presentes os professores Flavi Ferreira Lisboa Filho (pró-reitor de extensão), Adriano Figueiró (coordenador científico do Geoparque Quarta Colônia) e André Borba (coordenador científico do Geoparque Caçapava), Na foto eles estão com o professor Artur Sá, coordenador científico do Arouca Geoparque Mundial da Unesco, Portugal, eleito nesse conclave como presidente da Rede de Geoparques Mundiais da UNESCO.
Os geoparques gaúchos
A expectativa dos pesquisadores é de que os geoparques atuem como estratégia de desenvolvimento para o Rio Grande do Sul, desde que o Estado implemente políticas públicas que priorizem esses territórios em termos de investimento e de suporte na infraestrutura turística. Documento nesse sentido já foi entregue ao governo do Estado, em outra ocasião.

Com três geoparques reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com o maior número de geoparques mundiais, áreas com limites claros que promovem a preservação de paisagens, cultura, biodiversidade e sítios arqueológicos, além de buscar a promoção do desenvolvimento econômico sustentável das comunidades locais.

Em 2022, o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, situado nas cidades gaúchas de Cambará do Sul, Mampituba, Torres e Praia Grande, no RS e Jacinto Machado, Morro Grande e Timbé do Sul, em SC, foi o primeiro a conquistar a nomeação internacional. Foi anunciado em abril daquele ano e apresentado oficialmente no Festuris de 2022 pelo coordenador de desenvolvimento econômico do Consórcio Cânions do Sul, Jorge Scandolara Júnior e o coordenador de Turismo Leandro Bazotti. Eles fizeram uma exposição sobre o que representava aquele espaço que envolve dois estados, abrange uma área de 2.830 quilômetros quadrados, sete municípios – 4 em Santa Catarina e 3 no Rio Grande do Sul – tem 73.500 habitantes e dois parques nacionais. Um ano depois, os territórios da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul alcançaram a conquista após grande mobilização da comunidade das regiões. O da Quarta Colônia abrange nove municípios: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins. Em todos esses locais foram descobertos sítios paleontológicos, com animais pré-históricos, entre tantos outros atrativos de grande beleza.

O Geoparque de Caçapava do Sul apresenta sucessões de rochas sedimentares marinhas e continentais de mais de 500 milhões de anos em áreas de rara beleza cênica e alta relevância ecológica, como as Pedras das Guaritas e a Serra e gruta do Segredo. Seus arroios, fósseis de animais extintos da megafauna, em especial as preguiças-gigantes e, ainda espécies vegetas únicas e endêmicas do bioma pampa, completam o quadro. O humano é parte integrante desse quadro, com as comunidades humanas tradicionais: indígenas, quilombolas, pecuaristas e agricultores familiares.
Caçapava tem muita história, com grandes condições de se transformar em pouco tempo num destino turístico muito desejado. Junto à área central da cidade foi construído, em 1856, o Forte Dom Pedro II, uma forma de proteção contra ataques dos vizinhos castelhanos. A cidade tem muita história: Foi a segunda Capital da Republica Farroupilha (1835/45) e, em 1839, o Hino Riograndense foi entoado, pela primeira vez, naquela cidade que hoje integra o Geoparque. Porém a busca por natureza, pela paisagem distinta das Guaritas, Pedra do Segredo e tantos encantos, é o que leva mais pessoas a buscar Caçapava do Sul.
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