Nova Petrópolis destaca a religião, o pastor e o professor perante a história
A Aldeia do Imigrante em Nova Petrópolis é uma volta ao passado.
Os restos mortais de Heinrich Hunsche, primeiro pastor evangélico ordenado e responsável pela fundação da Paróquia Evangélica Luterana de Nova Petrópolis, repousa – ao lado do corpo da esposa – no Friedhof (Campo da Paz, Cemitério), da Capela do Imigrante, no Parque Aldeia do Imigrante em Nova Petrópolis.
Uma placa com os dizeres “Harret des Herrn”, que em Português significa “Aguardai ao Senhor”, fica ao lado da entrada do cemitério onde entre os muitos túmulos, um guarda também os restos mortais de Frederico Michaelsen, primeiro professor público da antiga colônia, e de sua esposa. As demais tumbas têm apenas nomes, foram recolhidas de antigos cemitérios e hoje são peças de museu.
Ao lado da religiosidade, do culto aos antepassados, a história e natureza se misturam elementos que falam da cultura germânica, ajudando a atrair visitantes em busca de conhecimento, aventura e um pouco de nostalgia.
A história, tradição germânica e a natureza andam juntas no Parque Aldeia do Imigrante, em Nova Petrópolis, na entrada da Região das Hortênsias, pela BR 116, distante 100 quilômetros da capital Gaúcha. A cidade tem muitas atrações, mas para conhecê-las, o ideal é começar pelo parque numa vista completa, que permite desfrutar desse que é tido como o atrativo turístico de maior destaque do município. O ideal é fazer a visita num final de semana.
No domingo logo cedo uma bandinha de música alemã dá o tom para os visitantes, no quiosque do Biergarten (jardim da Cerveja), junto ao lago. Ali, qualquer visitante já sente que entrou num território cujo objetivo é preservar o passado histórico dos imigrantes que colonizaram aquela região. Aqui é o local certo para degustar uma Kartoffel assada (batata assada) com uma cerveja ou refrigerante.
O Parque está dividido em dois espaços, sendo o primeiro a Aldeia Bávara e o segundo a Aldeia Histórica, na qual há a representação da história dos primeiros imigrantes em forma de Museu Vivo. Além de preservar o patrimônio cultural, o patrimônio natural também é preservado.
Inaugurado em 12 de janeiro de 1985, numa área fechada de aproximadamente dez hectares, a maior parte com mata nativa, na qual prevalecem araucárias, canela, xaxim e outros de grande porte, o Parque do Imigrante tem logo na entrada a Aldeia Bávara e em meio à mata a Aldeia Histórica. Na Bávara – lembrança dos povos Bávaros uma região do Reino Austro Húngaro, na Alemanha – estão o Pórtico, engalanado com bandeirolas nas cores germânicas: Vermelho, Amarelo e Preto.
Em seguida vêm as lojas de venda das malhas, artesanato e produtos coloniais. Quando Nova Petrópolis não dispunha de um Centro de Eventos, a Festimalha acontecia ali. Depois vem o palco, no quiosque de apresentação do folclore. As bandinhas típicas chegam, os integrantes vão puxando a música aos poucos e os pares de visitantes, já entram na dança.
Já em meio à área de mata, o que chamam de “coração do Parque”, está a história de como um povo que atravessou o Atlântico, antes mesmo do século XIX, e depois no Século XX, após a primeira e segunda guerras mundiais, construiu nova vida.
Muitos dos prédios ali reconstruídos foram retirados das várias colônias espalhadas pelo interior do município, e mostram seus estilos. Alguns desses antigos prédios históricos mostram a técnica “enxaimel”, mais usada entre os anos de 1870 e 1910.
Ali está a Capela do Imigrante que pertencia a Linha Araripe, onde foi construída em 1875, única no Brasil com torre no estilo enxaimel e sino em bronze, tendo em seu interior fotos antigas de padres e de pastores, já que a região foi colonizada por alemães que professavam a fé católica e luterana. O cemitério, ao lado da igrejinha, conta com lápides de muitos que foram sepultados em regiões que vão desde o Rio Cai – até Linha Araripe, já na divisa com Gramado. Ali são realizados batizados, casamentos e solenidades religiosas de todas as religiões.
Tem o salão de baile, réplica da primeira sede da cooperativa de crédito mais antiga da América Latina, fundada na Linha Imperial pelo padre Theodor Amstad, um pioneiro no cooperativismo. Tem, ainda a casa com cantina, ferraria, escola comunitária, casa do professor, casa do sapateiro, casa paroquial, estúdio fotográfico de foto à moda antiga, de Germano Schüür, e o Museu Histórico Municipal.
Neste Museu é imprescindível tempo para ler histórias, documentos, jornais antigos e olhar de perto muitas peças. Vão desde o bercinho no quarto do casal, até as chaleiras, pênicos, cavalinhos de pau, terços, bíblias, sem contar a parte destinada a indumentária de homens e mulheres. Essa parte é magnífica.
A mata que compreende o Parque do Imigrante é exuberante. A natureza ali é que impera. Flores , árvores e arbustos se combinam formando um ambiente muito especial e perfumado.
Bromélias e fungos, tipo cogumelos e orelhas de pau enfeitam troncos e árvores. Para a gurizada, existem duas áreas específicas com infraestrutura, além do lago com Patos Pedalinhos para passeio. O Parque Aldeia do Imigrante fica na avenida principal, a XVI de Novembro. A entrada é mediante pagamento de ingresso por preços populares.