Museu Nacional de Belas Artes tem atrações especiais pelos 80 anos

 

Neste ano de 2017 o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) completa 80 anos e mantém uma programação especial. Além da exposição permanente do precioso acervo que contempla as artes brasileira e estrangeira em geral – pintura, gravura, desenho, escultura, objetos, documentos, livros e fotografia, com abordagem aos diversos períodos e ciclos da história – algumas mostras exclusivas são realizadas para marcar o ano de aniversário deste que é o museu mais importante do Brasil, criado por um gaúcho de São Borja, no Rio Grande do Sul, o presidente Getúlio Vargas que em janeiro de 1937 assinou o decreto criando o MNBA.

Na segunda fase do seu governo de 15 anos ininterruptos (1930 a 1945) Vargas, um amante das artes, decidiu que era hora de se reunir o extenso e rico acervo que estava espalhado em muitos locais. A sede seria o prédio da Escola Nacional de Belas Artes, construído no Centro Histórico do Rio de Janeiro, em 1906, na Avenida Rio Branco, 199. Nos dias atuais, para ter uma noção mais objetiva do acervo que tem mais de 72 mil itens, o visitante precisa se organizar. Quem está conhecendo ou visitando o Rio de Janeiro, não sendo um expert em arte, precisa destinar pelo menos um dia inteiro para percorrer as diversas salas. Mas se for um “entendido” e desejar adquirir um pouco mais de conhecimento, terá que reservar mais tempo para apreciar e conhecer tudo. Em especial neste ano, quando a programação inclui eventos pelo aniversário.

O Museu teve várias fases, até chegar aos dias atuais. Em 2009 ocorreu um dos movimentos mais importantes, com a sua incorporação pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), autarquia vinculada ao Ministério da Cultura. Durante o governo de Dilma Rousseff passou por reformas que eram extremamente necessárias. Hoje é a instituição que possui a maior e mais importante coleção de arte brasileira do século XIX, com sua grandeza, com muitas histórias cuja descrição é impossível de se fazer, recebe milhares de visitantes e sempre tem programação extra, como se não bastasse o próprio acervo. Por isso afirmo que para conhecer e apreciar e aprender com o Museu Nacional de Belas Artes, só visitando, só vendo para crer.

A grandeza do local começa pelo exterior. Um prédio magnífico que se destaca na também esplendida Cinelândia. A magia prossegue na entrada, desde a escadaria que leva ao andar com as salas onde as obras são expostas de acordo com períodos, temas ou em salas de mostras ocasionais.  Quando, em maio de 2016, tive o meu dia no Museu, o quadro “A Primeira Missa no Brasil”, do catarinense Victor Meirelles, pintado em 1860 medindo 50 metros quadrados, parecia puxar o visitante para a Galeria de Arte Brasileira, logo acima. Ali estão outras obras que levam o visitante à histórias de revoltas, de conquistas e de resistência, de amores e tramas, como “A Batalha de Guararapes”, também de Meirelles, uma fértil criação mostrando o que foi a luta dos pernambucanos e seus apoiadores para rechaçar os holandeses que pelearam pesado para manter ao menos um preciso pedaço do Brasil. Tem a tela “Batalha do Avaí”, a mais sangrenta na chamada Guerra do Paraguai, na qual tiveram participação os heróis Duque de Caxias e o general Osório. O pintor, o grande Pedro Américo se esmerou e conseguiu mostrar como esse dia foi sangrento, doloroso para as partes, países vizinhos, povo quase irmão.

A galeria de arte brasileira é tida como a maior sala de arte do Pais. A mistura ali é chocante. Em meio às primeiras rezas em solo brasileiro e as grandes batalhas, surge a escultura de “Cristo e a Mulher Adúltera”. A obra de Rodolfo Bernardelli transmite um sentimento indescritível, e também é atual, pois ao proteger Madalena, Cristo se põe em proteção às mulheres. Chorei com essa obra de Bernardelli. Ele nasceu no México, mas fez sua carreira como escultor, professor de arte no Brasil, fiquei sabendo. Chama a atenção, no Museu de Arte do Rio de Janeiro, a postura talvez subserviente ou melancólica das mulheres do século XIX e de mais da metade do Século XX. Por sorte o grande Portinari – que está presente com um acervo diversificado e que fala do Brasil em geral – mostra mulheres mais vivas. O grande Cândido Portinari é abrangente. Mostra o Brasil do progresso, com o suor dos trabalhadores, os folguedos com suas cores e alegrias, a favela. A vida em muitas cores.

Conforme dados que podem ser obtidos no site do MNBA, as obras ali reunidas vão desde a bicentenária Coleção do Museu Nacional de Belas Artes se originou de três conjuntos de obras distintos: as pinturas trazidas por Joaquim Lebreton, chefe da Missão Artística Francesa, que chegou ao Rio de Janeiro, em 1816; os trabalhos pertencentes ou aqui produzidos pelos membros da Missão, entre os quais se destacam Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Batiste Debret, Grandjean de Montigny, Charles Pradier e os irmãos Ferrez; e as peças da Coleção D. João VI, deixadas por este no Brasil, ao retornar a Portugal, em 1821. Se essas são a história, digamos, antiga do Museu, o visitante ali terá pinturas, esculturas, gravuras e tantas outras de contemporâneos, entre esses muitos gaúchos como Iberê Camargo que nasceu no mesmo Estado do homem que criou o Museu, o chamado Pai dos Pobres, Getúlio Vargas.

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