Joinville : Escola Bolshoi é sinônimo de magia na Cidade dos Príncipes
Magia e muito encanto. Com essas palavras é quase possível definir uma manhã passada em visita na Escola de Teatro Bolshoi Brasil, na Cidade dos Príncipes, Joinville, Santa Catarina. Desde a parte externa, com seus painéis fotográficos, dançarinos, às várias salas de estudos, onde jovens ralam (treinam com vontade) para atingir ou realizar seus sonhos. Afinal, muitos pais – especialmente mães – sonham e ralam junto, se organizam para ver suas filhas e filhos no palco, na carreira escolhida, como é o caso das “Mães da Sapatilha”. Durante o 37º Congresso Brasileiro de Jornalistas de Turismo (Abrajet), realizado com sucesso naquela cidade catarinense, a administração dessa, que é a única filial do famoso Teatro Bolshoi da Rússia, recebeu o grupo de jornalistas e mostrou os motivos pelos quais o projeto iniciado lá em 1996, com a vinda da Companhia de Teatro Bolshoi ao 14º Festival de Dança de Joinville, deu tão certo.
A história de como a Escola foi fundada é muito especial e pode ser vista no site da mesma, no https://www.escolabolshoi.com.br/
Mas a acompanhar uma apresentação dos integrantes da Bailarinos Cia. Jovens da Escola é uma experiência única. Aos jornalistas presentes na visita, foram apresentadas algumas peças do repertório que tem como professora e ensaísta, conhecida internacionalmente, a gaúcha de Caxias do Sul, Maria Antonieta Spadari. Já na abertura, a Morte do Cisne emocionou a todos.
O encanto prosseguiu com novas peças que foram se sucedendo, de forma a explicar os motivos pelos quais todos os formados naquele espaço estão trilhando sua carreira, seja como dançarinos ou professores de dança, arranjadores, à frente de novos desafios que pode ser até no corpo de baile do Bolshoi, na Rússia!
Enfim, artistas e profissionais da música. É possível apostar que o sonho do diretor artístico do Teatro Bolshoi, Alexander Bogatyrev (já falecido), de reproduzir, em outras nações, as mesmas características da Escola Coreográfica de Moscou, ganhou vida própria em Joinville. Tanto que o Bolshoi de Moscou conta com bailarinas e bailarinos formados na única escola de ballet Bolshoi fora da Rússia. Joinville teve sorte, pois quando o projeto foi pensado e divulgado, tinha como prefeito um dos políticos mais brilhantes e cultos de Santa Catarina. Luiz Henrique da Silveira, que mais tarde seria governador do seu Estado. Graças à agilidade com que o político mobilizou a comunidade em geral, em especial a empresarial, pois precisava de recursos para segurar aquela oportunidade única à sua terra natal, no dia 20 de julho de 1999, na abertura do 17º Festival de Dança de Joinville, Alla Mikhalchenko, primeira bailarina do Teatro Bolshoi, assinou o protocolo de intenções com o prefeito.
Acompanhei, na minha carreira profissional, como jornalista junto ao jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, várias edições do Festival de Dança de Joinville, inclusive pude assistir o grande bailarino russo-americano Mikhail Baryshnikov, algo inesquecível. Mas com a visita que realizamos na Escola fiquei sabendo mais e pude avaliar o esforço que é despreendido por cada pessoa que vive o clima no Centreventos Cau Hansen, onde está a Escola do Bolshoi. As seleções para os futuros profissionais – para os cursos de Nível Técnica de Nível Médio de Dança Clássica, Básico de Dança Clássica, ou seis anos de muito estudo, disciplina, dedicação – se dá entre os nove e 11 anos. O lema da Escola é formar artistas-cidadãos, promovendo e difundindo a arte-educação.
A estrutura do Teatro contempla desde as salas de aula, de figurinos, de música, atendimento em saúde, refeitório. Nenhum aluno paga a escola, todos os estudantes – 40 por ano – contam com bolsas integrais que são concedidas por parceiros, entre esses o Governo do Estado e município, indústrias locais ou da região e por pessoas físicas.
A seleção para novos alunos começa em julho, durante o Festival de Dança de Joinville, com audições e depois em outubro são as apresentações de cada candidato, o que vai até meados de dezembro. Para aqueles que são classificados resta decidir onde morar – sendo esse o único custo que a Escola não banca. Mas tem diversos tipos de apoios, propiciando que pais possam escolher uma “família adotiva”. Mas muitas famílias de várias partes do País se mudaram para Joinville, onde acompanham seus filhos e filhas.
O “Mães de Sapatilha” é um grupo de três mães – Karina, Nelci e Soraya, de Pernambuco e São Paulo – que com apoio da Empresa Consul, fabricante de eletrodomésticos, integrante do grupo Whirlpool que tem um programa chamado “O Consulado da Mulher”. Essa ação social da marca Consul, já com 20 anos , atende demandas de mulheres em busca de apoio para desenvolver projetos. As três se mudaram para Joinville, aprenderam a produzir bolos caseiros e sua linha de produção cresceu, a ponto de terem um ponto de venda e ainda fornecem para outras mães que queiram vender os produtos. Neste ano de 2022, o Consulado da Mulher lançou uma série documental chamada “Todo Dia É Dia”, protagonizada por mulheres assessoradas pelo instituto.
São 8 episódios, todos disponíveis no YouTube, que trazem as histórias emocionantes de brasileiras empreendedoras que mudaram suas realidades ao vencerem o medo de abrir o próprio negócio e conquistaram independência financeira e emocional. Dentre elas, está o episódio sobre as mães das bailarinas. Vale a pena conhecer, pois é estimulante. E quem quiser apoiar também pode!
Vídeos produzidos durante uma apresentação em nossa visita à Escola.